Na maior parte, vou tentar comentar e indicar filmes que estejam um pouco fora do circuito comum, pra trazer algumas novas e diferentes opções. E como gosto de filmes antigos também, alguns vão aparecer.
Lógico que nem sempre as opiniões valerão para todos... cada um realmente tem gosto e interesse diferentes!
Vossos comentários e opiniões serão bem vindos!

Um forte abraço e um aperto de mão leve...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O HOMEM ERRADO - 1956

Hitchcock muda de gênero e também acerta. 


Não está entre as realizações mais famosas ou assistidas de Hitchcock, mas este O Homem Errado é um grande filme e merecia um destaque maior. O fato de ser o único filme baseado em fatos reais do diretor, talvez possa explicar um pouco seu menor valor entre seus apreciadores. Hitchcock, neste filme, foge de seu gênero preferido, o suspense, e faz um drama, literalmente. Pode ser diferente de grande parte de sua filmografia, mas o resultado final está no alto nível de outros clássicos que já fez.

A década em que realizou este filme foi uma década inspirada para o diretor, repleta de filmes marcantes como Janela Indiscreta, Pacto Sinistro, Ladrão de Casaca, Um Corpo Que Cai, a refilmagem de O Homem Que Sabia Demais, Intriga Internacional, Disque M Para Matar e ainda outros mais... Enfim, certamente uma década de grandes sucessos que fizeram com que este O Homem Errado, passasse um pouco despercebido por não seguir a mesma linha dos filmes citados acima.

A história como escrevi antes, é verídica e mostra o músico Manny, interpretado por Henry Fonda, que leva uma vida normal trabalhando à noite para sustentar seus dois filhos e esposa. Com dificuldades financeiras, suas contas aumentam quando sua esposa necessita realizar uma cirurgia odontológica. Para ajudar a pagar este gasto, recorre ao seguro de vida dela para conseguir um empréstimo. Quando chega ao local, para obter este empréstimo, é acusado de ser um assaltante que vem praticando roubos no bairro. A partir daí, sua vida e a de seus familiares mudam.

Diferente das tramas comuns de suspense, em que o ator principal busca o verdadeiro culpado, quando acusado de algo que não cometeu, o foco deste filme se direciona à mudança de rotina de Manny e como isso afetará as pessoas à sua volta. O filme deve muito de seu bom resultado final à atuação de Henry Fonda, um astro na época, que faz um trabalho impecável. Impressiona a forma como ele se mantém em um estado de choque contínuo e praticamente não sorri durante todo o filme.

Com Hitchcock em grande fase, falar bem da direção neste filme é o tal chover no molhado. Mesmo sendo um drama, não faltam momentos tensos bem encaixados a sua trilha sonora característica, que ajuda a manter esta tensão. É a realização cinematográfica mais realista que já fez, não só por ser baseado em fatos reais, mas pelas características e atitudes dos personagens. Posso dizer isso pelo menos em relação aos vários filmes que já vi do diretor.

Não faz parte dos mais lembrados filmes do mestre do suspense, mas é um filme essencial para os fãs e uma boa pedida para quem gosta de cinema antigo. Recomendado!

http://www.imdb.com/title/tt0051207  

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A SEPARAÇÃO - 2011

Não tenha medo ou preconceito. Filmaço!


Às vezes tenho um pouco de medo quando um filme é ovacionado por todos os críticos de cinema. Fico com um pé atrás achando que o filme pode ser chato como outros que são valorizados exageradamente. Pois bem, dessa vez a unanimidade está certa. Esse filme iraniano vale a repercussão que está tendo.

Não foi à toa que este filme, aclamado nos festivais que passou, já recebeu o prêmio de melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro e concorre no final deste mês ao Oscar nesta mesma categoria. E ainda mais, foi nomeado no mesmo Oscar para o prêmio de melhor roteiro original que, sem dúvida, é uma de suas virtudes.

Falando um pouco sobre a história, já na primeira cena, vemos o casal Nader e Simin discutindo o divórcio em frente a um juiz. A esposa Simin quer ir morar fora do país, para dar uma vida melhor à filha do casal, mas Nader não aceita, pois tem de cuidar de seu pai com Alzheimer. Simin sai de casa temporariamente e deixa o marido, a filha e seu sogro. Sem a esposa, Nader decide contratar uma cuidadora para ajudar seu pai. A separação do casal, na verdade, é o fato que dará início a uma série de complicações.

Independente dos problemas políticos do Irã e o relacionamento difícil de interesses sem fim com países vizinhos e os EUA, vale dizer que, acima de tudo, o filme trata sobre o ser humano comum, suas fraquezas, virtudes e suas decisões muitas vezes egoístas. E nas atitudes normais do homem, temos um dos principais diferenciais do filme, os personagens. Eles são muito bem escritos, verdadeiros, reais... Não existe o bem contra o mal. As atitudes de cada um, certas ou erradas, são aceitáveis. Todos, sem exceção, têm sua parcela de culpa e razão. E o curioso é que com o andamento da história, parece que a culpa ou razão de cada um pode se inverter.

O filme é essencialmente um drama, mas tem uma dinâmica tão impressionante que os acontecimentos vão quase se atropelando. Desde o início, você já se vê completamente envolvido com o desenrolar da história. O roteiro é muito bem amarrado, empolgante, sem clichês, sem falhas, pelo menos não achei nenhuma... Brilhante. Todo o elenco funciona bem com atuações convincentes. O destaque maior fica para a atuação do pai de Nader, o senhor com Alzheimer, que é fora do comum.

É uma realização inspirada e altamente recomendada, inclusive para aqueles que dificilmente dão chances para filmes de países com pouca ou nenhuma tradição no cinema. Ainda em circuito nos cinemas, tem potencial para agradar a maioria dos espectadores.

http://www.imdb.com/title/tt1832382/

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

SHERLOCK HOLMES - GAME OF SHADOWS - 2011

A sequência supera o original de várias formas.


Quando saí do cinema, ao ver o primeiro Sherlock Holmes dirigido pelo Guy Ritchie, diretor que marcou merecidamente o cinema de ação com Snatch - Porcos e Diamantes e Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, pensava ter visto um bom filme deste gênero e me dei por satisfeito. Deixei um pouco de lado o fato de que este detetive fez fama por resolver seus casos quase sempre com sua percepção aguçada, ao invés do uso de força. Assim acompanhamos nos livros de Sir Arthur Conan Doyle.

Vamos combinar que nesta sequência, as cenas de ação, impecáveis por sinal, não faltam e voltam a dar o ritmo alucinante do primeiro, graças ao mesmo diretor. E mesmo que Holmes use muito de seu intelecto distinto, em boa parte do filme, acaba resolvendo a outra parte exageradamente na porrada mesmo. Isso chega a frustrar um pouco quem realmente aprecia o personagem. Então, se considero o Holmes dos livros bem mais interessante, porque estou recomendando este filme? OK, vamos lá... Em primeiro lugar, a história nesta sequência é bem melhor elaborada do que a primeira e as ligações com os personagens do autor são mais significativas. Em segundo lugar, temos a presença poderosa de um verdadeiro vilão, Profº Moriarty, que rouba as cenas em que aparece. Somente a presença dele, o único personagem capaz de rivalizar intelectualmente com Holmes, já gera uma enorme tensão em cada encontro entre eles. Muitos dos diálogos são memoráveis.

Sobre a história do filme, vale uma passada breve apenas para situar quem for assisti-lo. O famoso detetive Sherlock Holmes, junto ao seu parceiro Dr Watson que está prestes a se casar, descobre um plano engenhoso, elaborado pelo Profº Moriarty, que tem como base iniciar nada menos do que uma guerra mundial.

Desde garoto gostava de histórias de mistério e li a maioria dos contos de Sherlock Holmes. Escrevo contos porque o autor, Conan Doyle, não escrevia longas histórias com o detetive, apenas em algumas exceções. Acompanhei mais pra frente, nos anos 90, a série inglesa que adaptou quase todas suas histórias e, recentemente, venho acompanhando também uma nova série da BBC chamada Sherlock, que recomendo, pois é de altíssima qualidade. Nessa nova série, o detetive e o Dr Watson vivem na Londres atual, com celular, internet, blogs, twitter, facebook... Isso já não gera uma certa curiosidade para assistir?

Com relação aos dois filmes do Guy Ritchie, o primeiro e este, um dos pontos mais interessantes de Holmes, que é sua habilidade em decifrar pessoas em segundos, é deixada de lado. O famoso personagem usa mais sua sabedoria para descobrir saídas ou antecipar movimentos de um oponente, confesso que essa parte é bem interessante e inédita nos livros, mas, ainda assim, a parte intelectual deveria ser mais explorada em geral. Apesar disso, o filme tem muitas qualidades. A história é muito bem construída e, quem leu o conto chamado "O Problema Final", notará algumas semelhanças, principalmente no final. Aliás, o desfecho é um dos pontos altos do filme, até porque deixa de lado um pouco a ação e dá preferência ao jogo mental entre os dois oponentes.

Não dá para negar a qualidade das cenas de ação em câmera lenta, marca do diretor, que são visualmente espetaculares e a ambientação européia do final do século 19. Vale também mencionar por fim o ator que interpreta Moriarty, Jared Harris, Sua atuação é espetacular e rouba mesmo todas as cenas que duela com Holmes, em minha opinião. Infelizmente, não foi tão comentada como deveria.

Bom, só para concluir, talvez valha mais encarar o personagem do filme com outros olhos em relação ao dos livros. Desta forma, você verá um entretenimento de primeira. Ainda está sendo exibido em grande circuito e tem potencial para agradar os mais e os menos exigentes!