Na maior parte, vou tentar comentar e indicar filmes que estejam um pouco fora do circuito comum, pra trazer algumas novas e diferentes opções. E como gosto de filmes antigos também, alguns vão aparecer.
Lógico que nem sempre as opiniões valerão para todos... cada um realmente tem gosto e interesse diferentes!
Vossos comentários e opiniões serão bem vindos!

Um forte abraço e um aperto de mão leve...

segunda-feira, 25 de março de 2013

A CAÇA - 2012

Precursor do Dogma 95, diretor acerta em cheio novamente.
 
 
Conferi a estréia nesse último final de semana desse filmaço no Espaço Unibanco. Infelizmente só está passando neste cinema aqui em São Paulo, o que é estranho porque, por mais que seja um filme dinamarquês, é um filme razoavelmente badalado. Tanto é que fez seu sucesso na Mostra de São Paulo no final do ano passado e ganhou diversos prêmios pelo mundo, sendo lembrado também em Cannes. Ou seja, tem muito mais público que muito coisa que tem por aí.
 
Apesar de ter feito o ótimo Querida Wendy e o bom Submarino, já postado há um bom tempo aqui no Blog, é sempre bom lembrar que o diretor Thomas Vinterberg é um dos precursores do Dogma 95 junto à Lars Von Trier. Seu principal filme, Festa de Família, marcou esse movimento e marcou sua carreira também. E apesar de ter feito bons filmes depois, alguns que acabei de citar, ainda se esperava algo tão marcante quanto este seu primeiro. Pois é, parece que agora foi.
 
A história de conflitos e polêmicas deste A Caça é, sem dúvida, tão impactante quanto em Festa de Família e é onde o diretor parece mostrar seu maior valor. E se não bastasse a direção segura, temos a presença de Mads Mikkelsen como ator principal em um papel digno de Oscar. Impressiona o quão expressivo ele é.
 
Ele interpreta uma espécie de assistente geral de uma escola de crianças em uma comunidade fechada. Pai separado e com diversos amigos, luta para ter seu filho mais perto, além de iniciar também um promissor romance com uma estrangeira que trabalha na mesma escola. Porém, sua vida terá uma mudança radical quando a filha de seu melhor amigo, em um momento do tipo birra de criança, lança uma mentira inocente daquelas que nem seu maior inimigo mereceria receber. E aí começa...
 
 
Ao melhor estilo Dogma, o diretor usa câmera de mão em boa parte do filme e segue um roteiro de forma linear que vai avançando no tempo, o que deixa a história bem fácil de ser acompanhada e o foco fica quase exclusivo para os conflitos da trama. Aliás o roteiro é o que há de melhor. Não há vilões e as atitudes condizem com os fatos criados. Diálogos bem escritos, sem dúvida, e em nenhum momento as reações dos personagens parecem exageradas ou inverossímeis. Há um visível cuidado do diretor sobre nisso, como fez em seus outros filmes.
 
E entre diversas qualidades que poderão ser percebidas durante o filme, existe somente uma ressalva quanto ao desfecho que não chega a decepcionar, mas deixa uma sensação de que poderia ser muito mais do que foi, até porque o próprio diretor sempre caprichou nessa parte em seus filmes anteriores. Festa de Família e Querida Wendy estão aí pra não me deixar mentir.
 
Independente disso, o filme é de um nível muito acima da média e quase mereceu um dez pelo conjunto da obra porque é realmente de tirar o fôlego. Está nos cinemas e em circuito restrito, infelizmente, mas vale o esforço de correr atrás enquanto ainda há tempo de vê-lo na tela grande que é sempre melhor. Recomendadíssimo.

http://www.imdb.com/title/tt2106476/?ref_=sr_1