CATFISH - 2010

Documentário real ou não, o filme é uma boa surpresa.

Está aqui um filme independente interessante e de baixíssimo orçamento que assisti recentemente e resolvi postá-lo por ter sido uma agradável surpresa.
É um filme que fez grande sucesso no Sundance Film Festival, onde teve diversos comentários positivos, e também foi bastante elogiado em outros festivais recentemente. Mesmo não sendo totalmente original, vou explicar o porquê do filme ter agradado.
Filmado ao estilo "Bruxa de Blair", é um suposto documentário real que acompanha Nev, um cara que começa um curioso relacionamento de amizade, pelo Facebook, com uma menina de 8 anos chamada Abby. Essa amizade inicia quando esta menina envia para Nev um quadro, pintado por ela mesma, sobre uma de suas fotos. A partir daí, ela começa a enviar outros quadros e, não só esta amizade cresce, como Nev começa a se relacionar com familiares e amigos de Abby, tudo pelo Facebook. Até que Nev começa a ter uma relação mais próxima, mesmo que pela internet, com a irmã mais velha da menina. Só que as coisas podem mudar quando decide conhecê-los pessoalmente.
Quem realiza este documentário e acompanha Nev nestes relacionamentos online, é o seu irmão e um amigo, dois produtores de vídeo e quase cineastas.
Eu disse, anteriormente, que este era um suposto documentário real porque o filme passa a imagem de que tudo é verdadeiro e, até nas reportagens que vi pela internet sobre o filme, os realizadores defendem a veracidade das gravações e da história... porém, outros duvidam. Posso estar enganado, mas, se a história não for real, será mais um ponto positivo pro filme.
Grandes méritos também para os trabalhos de divulgação e marketing do filme porque, além de gerar essa dúvida sobre a veracidade, também o que chama atenção é a frase de divulgação "não deixe que ninguém lhe diga do que o filme se trata". Isso espalhou pela internet e pelos festivais que participou e gerou até maior curiosidade e expectativa, porém, em contrapartida, expectativa demais pode atrapalhar. De qualquer forma, a propaganda está dando certo e o filme tem seus méritos.
Enfim, real ou não, o filme é interessante e a medida em que vai se desenrolando, o suspense aumenta, só que, será bom tomar cuidado em como o filme te leva porque o desfecho é interessante, mas, talvez não para todos.
http://www.imdb.com/title/tt1584016

BRAVURA INDÔMITA - 2010

Irmãos Coen em novo gênero sem fugir de suas raízes.

Mais uma vez os irmãos Coen voltam a concorrer com força no Oscar de 2011. Impressionante como nas últimas edições eles sempre estão lá! Certamente, fazem parte do seleto grupo de diretores respeitados e valorizados, tanto pelo público, quanto pela crítica. E com esta ótima refilmagem, de um antigo western com John Wayne, acertam de novo. Mesmo entrando em um genêro diferente do que costumam dirigir, conseguem manter o nível alto de seus filmes.
O filme é uma adaptação de um livro de Charles Portis, já filmada em 1969 com John Wayne no papel principal. Confesso não ter assistido esse original, portanto, não posso opinar sobre qual das duas obras de cinema é melhor. O que posso fazer é opinar sobre este filme em questão e dizer que é altamente recomendado!
Na história, uma menina de 14 anos, após o assassinato de seu pai, decide contratar um xerife de nome, porém, decadente e violento, interpretado por Jeff Bridges, para trazer esse matador e realizar sua vingança... com as condições de trazê-lo vivo para ser enforcado em praça pública. Só que esse assassino também vem sendo procurado por outros caçadores de recompensas, como o intrepretado por Matt Damon, o que poderá dificultar os planos de vingança da menina.
Jeff Bridges está sensacional no papel do xerife bêbado e o Matt Damon, como caçador de recompensa, que se orgulha de ser um Texas Ranger, é talvez o mais engraçado personagem do filme.
Por mais que os irmãos Coen tenham se aventurado em um gênero diferente do que costumam produzir, as características habituais de seus filmes não faltam. O humor negro tradicional e sempre ótimo - o índio sendo enforcado no início é sensacional - a violência inesperada e, às vezes, chocante, e a ausência do bom moço herói... os personagens sempre têm problemas morais.
É um grande filme, com atuações excelentes em uma história bem contada e, de certa forma, até emocionante. Estreiou nos cinemas nesse final de semana e vale conferir.
http://www.imdb.com/title/tt1403865

O VENCEDOR - 2010

Elenco de primeira eleva o filme e faz a diferença.

Estreiou nos cinemas neste último final de semana O Vencedor, filme baseado no boxeador Micky Ward que também é um dos participantes do Oscar com diversas indicações, incluindo melhor filme, diretor, ator e atriz coadjuvantes. O nome original do filme é The Fighter que, numa tradução mais fiel, teríamos o nome O Lutador. Só que, como já tivemos recentemente um filme com esse nome, sobre um lutador de luta-livre, a tradução mudou para O Vencedor... que dá uma cara "Rocky Balboa" ao filme que talvez não deveria ter.
Na história, Micky é treinado pelo próprio irmão, um ex-pugilista, e empresariado pela sua mãe... mas, na realidade, a história do boxeador fica como um segundo plano para um drama sobre drogas e relacionamentos familiares conturbados. Começando pelo seu irmão e treinador, interpretado por Christian Bale, que é o ex-pugilista decadente e viciado em crack, passando por sua mãe, que é sua própria empresária e extremamente controladora, suas irmãs, que vivem se intrometendo em sua vida e, ainda, sua nova e explosiva namorada, que o aconselha a largar a família. E, mesmo com estes diversos problemas de relacionamento, Micky vai se firmando no esporte e chamando a atenção de outros empresários.
Neste núcleo familiar estão as grandes atuações do filme e eu destaco principalmente duas delas. A atuação do Christian Bale, que é a mais comentada e já considerada a indicação "barbada" na disputa do Oscar de ator coadjuvante, e a de Melissa Leo, a mãe do Micky, que é bem pouco conhecida por aqui, porém, faz a melhor atuação do filme e rouba a cena quando aparece. E ainda sobre o Christian Bale, é importante dizer que ele merece mesmo esse prêmio, principalmente, por não ter sido sequer indicado ao Oscar de ator quando interpretou o perturbado magrelo no filme O Operário, esta sim, uma interpretação ainda mais impressionante.
E pra finalizar, o filme tem um roteiro carregado no drama e é até, de uma certa forma, convencional, porém, se destaca pela ótima direção, com as lutas filmadas em formato de televisão e cenas com câmera de mão que lembram o estilo de filmes independentes, e ainda a excelente atuação do elenco em geral. E mesmo que na corrida pelo Oscar de melhor filme O Vencedor corra por fora, pela presença de outros concorrentes, na minha opinião, mais fortes, o filme é bem acima da média e vale o ingresso.
http://www.imdb.com/title/tt0964517