Na maior parte, vou tentar comentar e indicar filmes que estejam um pouco fora do circuito comum, pra trazer algumas novas e diferentes opções. E como gosto de filmes antigos também, alguns vão aparecer.
Lógico que nem sempre as opiniões valerão para todos... cada um realmente tem gosto e interesse diferentes!
Vossos comentários e opiniões serão bem vindos!

Um forte abraço e um aperto de mão leve...

quinta-feira, 25 de abril de 2013

NO - 2012

Estilo retrô decente é uma entre as boas qualidades de No
 

Não se preocupe se o seu interesse por cinema político é baixo. O diretor chileno Pablo Larrain trata de política, mas não só isso. Até vale dizer que a crítica política parece fazer parte de todos seus outros filmes também. A começar pelo que já vi dele, o melancólico Tony Manero, que tem pano de fundo político também, talvez até mais evidente do que em No. A premissa parece até divertida (esse filme conta sobre uma pessoa obsessiva pelo personagem Tony Manero, interpretado por John Travolta em Os Embalos de Sábado à Noite, e parece viver para se tornar uma imitação fiel do ídolo) mas o filme é triste.

No é seu último filme e com ele o diretor recebeu sua primeira e merecida indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro neste ano e foi definitivamente notado por crítica e público. Não tem uma carreira longa e já parece ser bem promissor.

A história, baseada em fatos reais, conta os bastidores de um plebiscito, no final dos anos 80, com o objetivo de definir se o então ditador Augusto Pinochet continuaria mais 8 anos no poder ou se a eleição se tornaria democrática. Então, foram estabelecidas duas frentes de oposição: quem era a favor do SIM à continuidade do presidente militar no poder e quem era a favor do voto democrático, no caso o NÃO. Aí entra em cena o personagem de Gael Garcia Bernal, um publicitário de sucesso, dono de uma agência de publicidade, que será o cabeça no desenvolvimento e criação da campanha do NÃO. Em contrapartida, seu sócio estará ligado diretamente à campanha do SIM.

 
O filme conta um momento histórico do Chile, que o diretor transmite, até certo ponto, de forma leve, mas com conteúdo. A retaguarda política da história é mascarada por uma guerra de marketing. Essa mistura, que mostra a campanha como ferramenta importante e fundamental neste plebiscito, deixa a trama potencialmente agradável à todos, mesmo que política não seja o seu forte. Pode acreditar.

Existem muitas curiosidades na história e criativas escolhas feitas pelo diretor. Uma ótima é a ideia de trazer todo o clima anos 80 para a história. Isso se vê com as próprias propagandas originais da época e o estilo meio documental com imagens distorcidas, sombras e cores falhas. A intenção de passar ao público a sensação de estar vendo uma fita de VHS foi um acerto em cheio.

Já com relação a história, tendo em vista o papel da campanha no resultado, vale analisar e discutir como se desenrola seu caminho até o final. É muito interessante acompanhar a mudança de uma pré-campanha racional/tradicional para uma linguagem publicitária com lado emocional, a manipulação política já manjada, a resposta do público às mensagens e também a rivalidade entre os dois lados. Pra quem é desse ramo, melhor ainda.


Outro ponto que pode ser destacado também é a relação entre os personagens rivais. Gael Garcia e seu sócio, a dupla principal, se duelam na campanha e geram diálogos ótimos. Suas diferenças se multiplicam e ficam quase insustentáveis, ao mesmo tempo em que precisam continuar trabalhando juntos. Parte marcante da história.

Enfim, há pontos altos expressivos no geral e muitos a serem valorizados, mas vale você descobrí-los ao longo da história. Altamente recomendável, passou no cinema recentemente e já já deve ser lançado em DVD/Blu-Ray. Recomendado.