Na maior parte, vou tentar comentar e indicar filmes que estejam um pouco fora do circuito comum, pra trazer algumas novas e diferentes opções. E como gosto de filmes antigos também, alguns vão aparecer.
Lógico que nem sempre as opiniões valerão para todos... cada um realmente tem gosto e interesse diferentes!
Vossos comentários e opiniões serão bem vindos!

Um forte abraço e um aperto de mão leve...

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O RETORNO - 2003

Você não esquecerá tão fácil esse filme...


Já estava flertando este filme há algum tempo, mas não sei porque já o tinha esquecido entre outras opções que estavam em minha lista. Estou tremendamente arrependido de não tê-lo assistido antes. É uma pérola. E nem tão escondida assim.

Ganhador de inúmeros prêmios (ator, diretor, cinematografia e filme) em diversos festivais, principalmente europeus, este filme russo (nome original Vozvrashchenie) também concorreu em 2003 com Adeus Lenin e As Invasões Bárbaras ao prêmio de melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro. Nenhum deles venceu, mas sua participação já é válida e talvez até merecesse maior sorte.

É um filme com inúmeros destaques e fica difícil mencionar todos aqui, mas alguns são bastante evidentes. Antes disso, vale passar uma ideia da história do filme. Nela, dois irmãos vivem aparentemente uma infância comum. Criados pela mãe e talvez pela avó também, isso não fica muito claro, brigam entre si e procuram ser aceitos pelos amigos como qualquer criança comum. Esta parte já sabemos nos primeiros 5 minutos, quando então acontece a virada que movimenta a trama. O pai, que até então não existia ou estava desaparecido, aparece sem motivo aparente e provoca diferentes sensações e atitudes entre os garotos.
 
O caminho em que a história nos leva, que poderia ser um típico relacionamento de superação entre pai e filhos, terá dimensões maiores e surpresas. É claro que é um filme europeu, portanto já é esperado aquela cadência habitual deste tipo de cinema. Se estiver preparado para isso, você não irá se arrepender. O fato de ser de certa forma lento, poderá contar a seu favor no resultado final. 
 
A reviravolta, que não cabe a mim dizer qual é e quando será, poderá deixá-lo confuso, mas irá trazer novas ideias e pensamentos, pode acreditar. O drama se torna um enigma, interpretativo e cheio de simbolismos. Tem muita coisa a ser descoberta ainda. A certeza é que você não o esquecerá tão cedo.
 
 
Os personagens, sem contar as ótimas interpretações, são excepcionais. A oposição entre os irmãos e a insensibilidade do pai são convincentes e descartam o melodrama básico em que o filme poderia cair. Ponto positivo para o roteiro. E juntando tudo isso com uma boa produção e belas locações, temos um filme quase completo. Só falta eu assistir de novo.
 
O bacana é que estes filmes enigmáticos geralmente tem fóruns fervorosos na internet. Dito e feito. O curioso destes fóruns é que a maioria interpreta da forma que quer e ideias mirabolantes, e até engraçadas, aparecem. Uma delas, a referência de uma cena com um quadro artístico, valeu a pena. Certamente não teria percebido a relação entre eles sozinho. Obrigado amigo do fórum. Só comentarei esta cena com aqueles que já assistiram (sem spoilers aqui!)...
 
Facilmente encontrado nas locadoras e na internet, fica aqui esta dica que pode agradar, talvez não a todos.

http://www.imdb.com/title/tt0376968

terça-feira, 13 de novembro de 2012

ARGO - 2012

Suspense/Espionagem para agradar todos, sem exceção.


Poucos associam Ben Affleck aos bastidores do cinema, até pelos inúmeros filmes blockbusters em que esteve presente como ator. Para citar alguns, de cabeça lembro Armageddon, Pearl Harbor, Demolidor, A Soma de Todos os Medos, entre outros. Sem dúvida, grandes produções para grandes públicos, mas nada muito especial ou marcante. Porém, após sua co-autoria junto à Matt Damon em Genio Indomável, que rendeu para eles o Oscar de Melhor Roteiro, foi um pulo para chegar na direção. E como diretor, Ben Affleck está ficando ainda melhor.

Em seu primeiro filme como diretor, Medo da Verdade, já havia mostrado talento, mas agora com Argo, seu potencial foi além. O filme é quase impecável e capaz de entreter ao mesmo tempo em que se aprofunda em seus temas. Potencialmente é um filme para agradar a todos os públicos, sem exceção. Do mais exigente ao menos, pode acreditar.

A história, baseada em fatos reais, se passa no fim dos anos 70 e tem como pano de fundo a invasão dos iranianos na embaixada americana de seu país. Um grupo grande de revolucionários, revoltados com o governo americano, invadem e mantém como reféns os funcionários da embaixada, menos seis pessoas que conseguem escapar e se esconder na embaixada canadense. Em momento político muito delicado entre os EUA e o Irã, a CIA, através do agente Tony Mendez (Ben Affleck), bola um plano de resgate destes seis americanos, completamente diferente e questionável. Este plano envolve uma produção hollywoodiana de um falso filme de ficção científica chamado Argo com locações no Irã. Essa é a saída para entrar no Irã e cumprir a missão.

Com inúmeros pontos fortes, o filme tem alguns bem evidentes. A ambientação e fotografia do final dos anos 70 impressiona bastante, inclusive com a caracterização dos personagens que se aproximam bem aos verdadeiros, visto na comparação nos créditos finais. O estilo retrô é perfeito.

O roteiro é inteligente e bem cuidado. A dramatização do fato real, que pode ser além da conta em alguns momentos, conta a favor também. Não me lembro de ter ficado tão tenso com uma cena de apresentação de passaportes e vistos, em um aeroporto, como fiquei neste filme. E não somente neste momento, a tensão toma conta de 90% da história.


E independente de nossa expectativa e até torcida pelo resgate dos americanos, a história não defende um dos lados ou mostra quem está certo e quem está errado, mas tem o cuidado de expor as atitudes extremas e a causa, visto na própria introdução do filme. E ainda de quebra, o diretor satiriza a indústria do cinema, principalmente Hollywood, ironicamente em boas doses. Além do filme ser essencialmente um suspense político de espionagem, tem boas piadas também.

Enfim, Argo teve estréia nos cinemas neste último final de semana e vale a procura, não só como uma boa apresentação  de um fato histórico, mesmo que dramatizado, mas também como entretenimento dos bons. Há rumores de que será lembrado para o próximo Oscar. Eu apostaria em uma indicação para direção de arte, pelo menos. Recomendado.