Na maior parte, vou tentar comentar e indicar filmes que estejam um pouco fora do circuito comum, pra trazer algumas novas e diferentes opções. E como gosto de filmes antigos também, alguns vão aparecer.
Lógico que nem sempre as opiniões valerão para todos... cada um realmente tem gosto e interesse diferentes!
Vossos comentários e opiniões serão bem vindos!

Um forte abraço e um aperto de mão leve...

domingo, 20 de janeiro de 2013

DJANGO LIVRE - 2012

Faroeste a lá Itália por Tarantino não poderia dar errado, é claro.


É curioso tentar entender o quanto o povo, em geral, aprecia tanto os filmes do Tarantino. Ele passa longe dos limites, isso em comparação aos diretores do mainstream de Hollywood, principalmente nos quesitos violência exagerada e extravagância e, mesmo assim, é venerado por muitos. Como será que um cineasta fora do eixo comum consegue cair tão bem nas graças do público?

Difícil responder, mas isso talvez nem seja tão importante no momento. O que realmente importa é que Django Livre é mais um de seus filmes imperdíveis! Tem o que Tarantino gosta e um pouco mais. Não há um minuto a menos que deveria ser poupado dos 165 minutos de sua duração. O tempo vale a pena e se tivesse mais seria ainda melhor. Então, antes de qualquer coisa, vamos a história descrita de forma simples e sem rodeios.

Estados Unidos, meados do século 19. A época é de escravidão total e os negros vivem praticamente apenas como escravos. Django (Jamie Foxx) é mais um deles, mas é solto logo no início por um caçador de recompensas (Christoph Waltz) que o ajudará a identificar sua próxima caça. Começam a se dar bem e o alemão o treina para ajudá-lo em seus próximos "trabalhos". Com isso, Django ganha experiência e vai atrás de um objetivo maior, resgatar sua mulher que é também vítima da escravidão.

Grande apreciador dos filmes B dos anos 60 e 70, Tarantino faz questão de não esconder suas influências, pelo contrário, aproveita para muitas vezes melhorá-las. Desta vez, homenageia explicitamente o - já criticado, mas hoje cultuado por muitos - spaghetti-western italiano.

Sergio Leone, que é o principal diretor desse estilo e um dos ícones deste período, é mais lembrado pelos inesquecíveis clássicos Três Homens em Conflito e Era Uma Vez no Oeste. Este último tive a maravilhosa oportunidade de assistir na tela grande no final do ano passado e, certamente, Leone teria ficado orgulhoso se estivesse vivo para ver este mais recente Tarantino.


A trilha sonora, por exemplo, faz grandes referências a estes filmes, mesmo que o diretor misture com músicas mais atuais, o que deixa o filme ainda mais interessante. Aliás, poucos encaixam a música nas cenas tão perfeitamente quanto Tarantino. Tem inclusive composições do Ennio Morricone, visto já logo no início do filme, que é uma figura carimbada dos westerns italianos, principalmente pela parceria que tinha com Sergio Leone. E ainda pra completar, Franco Nero faz uma ponta no filme. Ele é o ator que faz o personagem Django no antigo filme italiano de mesmo nome. Ainda não vi, mas é importante mencionar que Django Livre, mesmo com este nome, não é uma refilmagem.

Na verdade, além da óbvia lembrança dos faroestes italianos, as referências a outros filmes e estilos aqui não faltam. E é até difícil captar todas.  Isso deve ser algo que faz Tarantino se divertir ao acompanhar os fóruns de discussão sobre seus filmes.

O elenco está obviamente excelente, mas não se esperava menos do que isso. O alemão Christoph Waltz, que está concorrendo ao Oscar desse ano, é o mais comentado e tem ótima atuação sem dúvida, mas achei parecido demais com o estilo de seu outro personagem em Bastardos Inglórios, quando inclusive ganhou o Oscar pelo papel. A diferença em Django Livre é que ele não é o vilão, mas as caras e bocas são semelhantes. Samuel Jackson e James Foxx fazem bem seus papéis também, mas talvez a melhor atuação seja mesmo a do vilão, interpretado pelo Leonardo DiCaprio. Impressionou novamente e mostrou que continua entre os melhores, mesmo não tendo sido lembrado para o Oscar nesse ano.


A diferença mesmo é o diretor. Seu jeito próprio e inconfundível de mostrar violência explícita e exagerada de forma artística, os diálogos sarcásticos que se tornam memoráveis ("O que você está achando desse negócio de ser caçador de recompensas, Django?" "Matar brancos e ainda ser pago por isso, como não gostar?"), as referências divertidas aos filmes B, sua criatividade que ainda surpreende, são algumas das virtudes que fazem ser quem ele é hoje. E ainda por cima, o filme por si só, independente das questões técnicas, já é um excelente entretenimento.

Estreou neste final de semana, Django Livre é obrigatório ver nos cinemas. Curioso também é que, mesmo com um estilo bem diferente dos filmes premiados normalmente pelo Oscar, recebeu merecidas indicações de Melhor Roteiro e Filme para este ano. Independente disso, vai com fé que é diversão garantida.

http://www.imdb.com/title/tt1853728/