Na maior parte, vou tentar comentar e indicar filmes que estejam um pouco fora do circuito comum, pra trazer algumas novas e diferentes opções. E como gosto de filmes antigos também, alguns vão aparecer.
Lógico que nem sempre as opiniões valerão para todos... cada um realmente tem gosto e interesse diferentes!
Vossos comentários e opiniões serão bem vindos!

Um forte abraço e um aperto de mão leve...

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O ANJO EXTERMINADOR - 1957

O cinema surreal clássico de Luis Buñuel.


Para quem aprecia surrealismo e cinema juntos, o nome é Luis Buñuel. Influente e reverenciado por muitos cineastas e cinéfilos, fez seu primeiro filme, O Cão Andaluz, ainda na época do cinema mudo. Foi sua porta de entrada para a sétima arte e um dos mais lembrados filmes surreais de toda a história do cinema. Na realidade é um curta metragem que apresenta cenas incomuns, sem ligação aparente, e não chega a vinte minutos. Uma grande viagem que gerou forte repercussão na época, realizada em parceria com Salvador Dalí, outro artista surrealista.

Entre outros inúmeros filmes surreais que fez após este primeiro, em 1957 fez O Anjo Exterminador, também seguindo a mesma linha, mas bem mais palatável. De qualquer forma, é mais um exemplo de seu cinema diferente que, desta vez, coloca os personagens em um único cenário, durante quase todo o filme. Na verdade, o que vale mesmo é falar o menos possível da história para que seu desenvolvimento seja surpreendente para quem assiste.

Para resumir a história, um grupo de pessoas da alta sociedade é convidado para um jantar comum, como qualquer outro que costumam participar. Só que após o jantar, sem qualquer explicação, os convidados não conseguem sair de uma determinada sala... Aparentemente nada os impede de sair, mas eles simplesmente não conseguem.

Talvez, ao invés de fazermos análises intelectuais, entender analogias, simbolismos ou se o tom do filme é político, vale mais acompanhar o desenrolar da história, sem aquele instinto de tentar decifrar as mensagens nas entrelinhas. É curioso ver pessoas da alta sociedade deixarem de lado a etiqueta e a máscara quando colocados em situações extremas...

Uma curiosidade: para aqueles que já assistiram o último filme do diretor Woody Allen, Meia-noite em Paris, lá existem inúmeras referências e brincadeiras com vários artistas de diversas áreas... Escritores, pintores e cineastas. E na história deste filme, Owen Wilson, o protagonista, encontra estes artistas pessoalmente no passado. Um dos mais engraçados encontros é quando ele encontra Luis Bunuel e brinca com a história do O Anjo Exterminador.

Não está entre os mais conhecidos do diretor como A Bela da Tarde ou O Discreto Charme da Burguesia, mas vale a pena procurar nas locadoras de acervos maiores ou pela internet mesmo. O cinema de Buñuel é, no mínimo, interessante.

http://www.imdb.com/title/tt0056732


terça-feira, 3 de abril de 2012

DRIVE - 2011

Será este um dos candidatos a filme cool da década?


A impressão que fica, ao terminar de ver este filme, é a de que tudo se encaixa. Um clássico cult instantâneo. Difícil descrever, mas até as cenas violentas, que não são poucas, são muito mais do que mera brutalidade. Baseado em um livro de James Sallis, tinha tudo para ser um novo blockbuster de ação como Velozes e Furiosos, mas se tornou algo muito além. O filme é cool demais, como diriam na "América"! Violento e cheio de estilo, Tarantino assinaria embaixo. E a trilha sonora? Perfeita...

O diretor dinamarquês Nicolas Winding Refn, pouco conhecido pelo público em geral, tem na violência parte fundamental de seus filmes anteriores, como a trilogia Pusher e o estranho Bronson. Só que com Drive, dá um passo largo para frente e coloca seu nome no cinema com a força que merece. Até porque entrou de vez no mercado americano.

Resumindo em poucas palavras, a base da história pode até parecer um filme de ação comum, o mocinho mexe com os vilões errados para depois salvar uma garota, mas só parece. É apenas a base mesmo e o filme em si tem uma linguagem muito mais atraente e com bem mais conteúdo. Isso é garantido...

E falando em conteúdo, para quem ainda não viu o filme, Ryan Gosling, que interpreta o Driver (motorista), trabalha em uma oficina de carros durante o dia e tem um trabalho paralelo como dublê em filmes, principalmente em cenas perigosas envolvendo carros. Só que ainda faz algo extra, mostrado logo no início. Ele é contratado para participar de roubos, mas apenas como motorista de fuga. O perigo real aparece quando se sente atraído por sua vizinha, Irene (interpretada por Carey Mulligan, que também está em Shame). Ela é casada com um presidiário prestes a sair da prisão.

Com aquele típico clima elegante de filme noir dos anos 40 e 50 e uma história de ação urbana ao estilo spaghetti-western anos 60 de Sergio Leone, Drive nos remete ainda aos anos 80 usando uma trilha sonora do tipo eletropop, uma das marcas desta época, com muito sintetizador e baterias eletrônicas. A melodia principal "A Real Hero", em tom de balada dramática, faz uma conexão mais que perfeita com o personagem principal.

E como Ryan Gosling escolhe bem seus filmes e personagens! Desde seus primeiros, Tolerância Zero por exemplo, vem marcando sua trajetória no cinema como um dos atores de ponta, tanto em Hollywood quanto em filmes alternativos. Neste papel em Drive, faz o melhor estilo Clint Eastwood de Sergio Leone... O herói misterioso sem nome, sem passado, solitário, frio e introspectivo que demonstra suas emoções apenas através de olhares e poucos sorrisos.

Diálogo para ficar na memória:
Irene para Driver: "O que você da faz da vida?"
Driver: "Eu dirijo"

Ainda em exibição em alguns cinemas é um programa imperdível para quem quiser acompanhar o filme cool do momento. Recomendo e muito!

http://www.imdb.com/title/tt0780504